Qual foi o impacto do desastre ambiental de Mariana na saúde das comunidades atingidas? Essa é uma das questões que impulsionou a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a enviar três profissionais para Mariana (MG) nos próximos dias.
A ideia não é fazer um atendimento emergencial para a população. Os médicos presentes na região querem analisar os efeitos de médio e longo prazo causados pelo rompimento da barragem de Fundão.
Os profissionais pretendem gravar entrevistas em vídeo com a população, com representantes das secretarias de Saúde e também de movimentos populares, além de distribuir questionários para mapear os impactos relativos à saúde causados pelo rompimento e também preencher diários com observações e vivências.
O material, de acordo com a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, servirá como apoio para denúncias da população e também como base para acompanhar a comunidade de Mariana ao longo dos anos.
Ana Paula de Melo Dias, integrante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, acredita que o acompanhamento da saúde em Mariana tem que se dar ao longo dos anos. “Não sabemos de fato quais são os contaminantes da lama, o que ela vai causar a médio e longo prazo em contato com as pessoas, água, solo, alimentos. E essas questões tóxicas costumam surgir muito tempo depois, até fica difícil fazer a relação causal. Por isso, queremos fazer um acompanhamento longitudinal. Não vamos lá esta semana e esquecer o fato. Queremos acompanhar a população durante os anos que estão por vir, para não perder essa relação causal que possa existir”, avalia.
Em reportagem ao site Brasil de Fato, Juliano Vasconcelos Gonçalves, secretário de Saúde de Mariana, explica que cerca de 900 pessoas já foram atendidas após o desastre. “O sistema de saúde na cidade foi sobrecarregado e muitas pessoas foram encaminhadas para Belo Horizonte”, fala.
Em relação às pessoas que tiveram contato com a lama, Gonçalves lembra que estão sendo feitos exames de sangue para acompanhamento de possíveis doenças, como leptospirose, febre tifóide e tétano. “Eles estão em vigilância constante”, destaca.
Os danos do rompimento não são só físicos, garante o secretário. “Muitos pacientes chegam em estado de choque. São pessoas que perderam familiares, todos seus pertences e necessitam de atendimento psicológico”, relata.
Para a equipe da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, a condição psicológica da população também deve ser monitorada a longo prazo. “As conversas que vamos fazer agora é algo positivo nesse aspecto psicológico. Mas problemas como aumento no índice de depressão, suicídios, uso de drogas, alcoolismo, prostituição, tudo isso pode vir a aumentar ao longo do tempo. E isso são efeitos dessa tragédia, que temos de observar e ficar atentos”, aponta Ana Paula de Melo Dias.
O G1 também preparou uma reportagem especial sobre o assunto, destacando importantes perguntas e respostas sobre o assunto. Clique aqui para conferir.
** Com informações do site Brasil de Fato.
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