A paixão pela pesquisa e a preocupação com a saúde do pai incentivaram a jovem Maria Vitória Valoto, de 15 anos, moradora de Londrina (PR), a dedicar muito estudo e esforço a um projeto de iniciação científica.
Desde maio de 2015, Maria Vitória se dedica a um trabalho destinado a contribuir com a rotina das pessoas intolerantes à lactose. O dia a dia do pai, que sofre com o problema, inspirou a menina a buscar alternativas para a questão. “Hoje temos muitas alternativas no mercado para quem é intolerante (à lactose), mas são todos produtos caros. Eu queria desenvolver uma alternativa mais barata. Comecei a pensar e buscar na literatura um método que pudesse imobilizar a enzima lactase, através de uma microcápsula adicionada ao leite comum”, explica a estudante.
Maria Vitória explica que o método poderá substituir, por exemplo, a enzima líquida, que já é bastante utilizada. “Ao ser adicionada ao leite, ela não se dissolve, mas libera a enzima, funcionando em um sistema de ‘chave-fechadura’. Ela divide a molécula de lactose em glicose e galactose e na hora do consumo tem o mesmo efeito de uma pessoa que não é intolerante e toma o leite”, observa.
Ela ainda afirma que as cápsulas são reutilizáveis, podendo ser higienizadas e armazenadas na geladeira. “A princípio, ela pode ser utilizada durante sete dias, uma vez por dia”, diz.
O preço médio para o mercado, sem lucro, é de R$ 0,01, de acordo com a jovem pesquisadora. “A ideia é desenvolver sachês com 50 cápsulas cada. Todos terão condições de pagar e esse é o grande objetivo do projeto. Por isso, se der certo, gostaria de patenteá-lo para não perder o foco do baixo custo”, ressalta.
Maria Vitória é aluna do segundo ano do ensino médio do Colégio Interativa, em Londrina. O projeto está em estudo e ainda não há testes realizados em pacientes. “Esse, na verdade, será o próximo passo”, completa.
Acompanhamento
Para a pesquisa bibliográfica e desenvolvimento do projeto, Maria Vitória conta com o orientador Fabio Luiz Ferreira Bruschi, professor de Biologia e membro do programa de iniciação científica do Colégio Interativa.
Para a parte prática, ela conta com a orientação do professor Raul Jorge Hernan Castro Gómez, da Unopar.
Bruschi conta que o programa contempla alunos do 6° ao 9° ano, mas no ensino médio os estudante s que se identificaram com a pesquisa podem participar voluntariamente. “A Maria Vitória participou de todo processo e no ensino médio focou no tema de lactose. Entrei em contato com a Unopar, pois no mestrado de Tecnologia do Leite tem uma linha de trabalho sobre intolerância à lactose”, reitera.
O professor Bruschi lembra que muito muito já se avançou em relação ao tema e que agora é preciso lapidar o projeto. Para a estudante, o retorno no que diz respeito ao reconhecimento do projeto já é bastante motivador. No final do ano passado, ela conquistou o terceiro lugar na área de bioquímica e química, na feira Mostratec, no Rio Grande do Sul.
A premiação garantiu uma vaga na Feira Ciência Jovem, que acontecerá em Olinda (Recife), em setembro. Além disso, no mês que vem, Maria Vitória participará como finalista na Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), na USP, em São Paulo.
“A curiosidade vem desde pequena e acho que foi algo que foi acontecendo naturalmente. As feiras me motivam e têm me ajudado a descobrir o que realmente quero da vida, de profissão”, resume ela, que já tem uma certeza em relação ao futuro. “Me dedicar a área de biológicas, especialmente no que se refere à pesquisa”, conta.
** Com informações do jornal Folha de Londrina.