Um teste feito pelos Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) revelou que a vacina contra a dengue, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, oferece proteção completa contra o vírus. Os resultados do estudo foram publicados no dia 16 de março pela revista Science Translational Medicine.
O estudo, feito por pesquisadores do NIH e da Universidade Johns Hopkins, também nos Estados Unidos, baseia-se em um modelo conhecido como “desafio em humanos”, no qual os voluntários são imunizados e depois recebem uma forma amenizada do vírus para avaliar a eficácia da vacina.
Participaram do teste clínico 41 voluntários que nunca tiveram dengue. Destes, 21 receberam a vacina e outros 20 o placebo. Seis meses depois, todos eles foram infectados com uma variante atenuada do sorotipo 2 do vírus – aquele cuja prevenção por vacinas é considerada a mais difícil entre os quatro sorotipos.
A autora principal do estudo, Anna Durbin, da Universidade Johns Hopkins, afirma que o vírus amenizado, produzido pelos norte-americanos, é capaz de infectar uma alta porcentagem dos voluntários sem causar sintomas mais graves da doença. Em geral, os pacientes apresentam apenas manchas na pele, mas não chegam a ter febre.
Os resultados mostraram que os voluntários que receberam o placebo tiveram sintomas moderados da doença. Entre os que receberam a vacina, 100% ficaram completamente protegidos da infecção e não apresentaram qualquer sintoma.
Repercussão
De acordo com o diretor do Butantan, Jorge Kalil, o teste é bem-vindo e comprova os resultados obtidos na fase 2 dos testes clínicos, feita pela instituição. “É um estudo interessante e importante, porque dificilmente as autoridades sanitárias brasileiras permitiriam que fizéssemos um desafio do tipo, usando o vírus vivo”, comenta.
Agora os autores esperam desenvolver o modelo de desafio em humanos para outros vírus, incluindo o zika. “Acreditamos que um teste-desafio em humanos pode ser desenvolvido para zika. Ele seria uma ferramenta para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra essa doença”, afirma Anna.
De acordo com Stephen Whitehead, do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas do NIH e um dos autores do artigo, os dados obtidos no estudo já haviam sido considerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quando o órgão aprovou a realização da terceira fase dos testes clínicos, que começou em fevereiro. Os testes incluem a imunização de 17 mil voluntários humanos, que serão acompanhados ao longo de alguns anos.
** Com informações da Veja e Estadão Conteúdo.
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