A pandemia do COVID-19 segue atingindo o mundo, mas em contrapartida esforços para combater e compreender o funcionamento do vírus também estão sendo realizados. Um desses estudos está sendo produzido em Curitiba e conta com a colaboração de pesquisadores-docentes da Faculdades Pequeno Príncipe e do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe.
Desenvolvida pela Universidade Pontifícia Católica do Paraná, a pesquisa “Caracterização clínica e epidemiológica de pacientes internados em Curitiba por COVID-19” analisa dados clínicos e epidemiológicos, e utiliza a biópsia post mortem minimamente invasiva (com autorização da família) de pacientes acometidos pelo novo Coronavírus para tentar compreender o desenvolvimento da doença. Até o momento foram realizadas 13 biópsias post mortem em tecidos como: pulmão, coração e músculo estriado.
“Desde o primeiro internamento por COVID-19 no Hospital Marcelino Champagnat, no dia 19 de março, nosso grupo de pesquisadores rapidamente, com aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), se organizou para a coleta de material biológico, dados de prontuário e biópsia post mortem”, explica a coordenadora da Pós-Graduação em Ciências da Saúde (Mestrado e Doutorado) da PUCPR, Dra. Cristina Pellegrino Baena.
Ainda de acordo com a Dra. Cristina Baena “desde a contaminação até o desfecho de óbito, ou a recuperação, existem muitos fatores que estão agindo em diversas proporções em cada indivíduo, já identificamos e estamos conduzindo projetos relacionados a estes temas”, afirma.
Os pesquisadores-docentes do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente da FPP e do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Dr. Cleber Machado de Souza e Dra. Luciane Regina Cavalli, participam da condução de alguns experimentos no campo genético. “Nós realizamos a extração de DNA deste tecido coletado e vamos estudar alguns marcadores genéticos em moléculas observadas no tecido. Para ter a relação da genética e tentar buscar uma associação de algum marcador genético nessas moléculas”, explica Machado. A partir disso é possível buscar padrões de alterações genéticas que possam auxiliar a predizer pacientes mais ou menos suscetíveis a desenvolver o novo Coronavírus.
Participam deste estudo pacientes dos hospitais Marcelino Champagnat, Nossa Senhora das Graças, Evangélico Mackenzie e Hospital Pilar. Os pesquisadores acompanham a evolução do processo desde a internação do paciente com aplicação do termo de consentimento, coleta de dados diária, gestão da logística e validação dos desfechos (recuperação ou óbito). Toda essa logística é supervisionada pelo Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação e outros três laboratórios da PUCPR que funcionam em tempo integral para trabalhar com essas amostras.
Resultados
Até o dia 07 de julho foram coletados dados sócio demográficos de 184 pacientes (todos confirmados), sendo 90 do Hospital Evangélico, 80 do Marcelino Champagnat, 13 do Nossa Senhora das Graças e um paciente do Hospital Pilar.
“Diferente do que está descrito na literatura, neste estudo temos uma proporção maior de pacientes homens, sendo 63% entre os acometidos pela doença. A proporção de idosos também não é tão grande se comparado com outras pesquisas, embora os óbitos estejam concentrados neste grupo”, explica a Dra. Cristina Baena.
Com relação às comorbidades mais prevalentes estão: hipertensão arterial, diabetes, obesidade, síndrome coronariana, dislipidemia, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca, arritmia, demência e Acidente Vascular Encefálico (AVE). Por outro lado, mais de um quarto da amostra não apresentaram nenhuma comorbidade.
Tosse e febre estão entre os sintomas mais prevalentes entre os pacientes analisados pelo estudo, seguido de febre e depois dispneia. “Foi constatada uma combinação de outros sintomas, onde já se vê a variabilidade desta doença”, afirma Dra. Cristina.
Sobre os dias de permanência, entre o internamento e a última evolução no prontuário, a idade é a covariável mais importante para explicar o tempo de permanência do paciente no hospital e também os casos de óbito.
Ainda de acordo com os resultados da pesquisa, os pacientes analisados que permaneceram um tempo mais curto com sintomas em casa desenvolvem quadros mais agudos e este período foi mais associado ao óbito. De acordo com Baena esta análise fala “muito a favor da hipótese do tratamento e do monitoramento precoce”.
Consórcio Internacional
O Complexo Pequeno Príncipe também faz parte de outra importante pesquisa sobre essa doença que ainda gera tantas dúvidas. A Dra. Carolina Prando, docente-pesquisadora da FPP no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente, faz parte da diretoria internacional do consórcio que tem por objetivo compreender os fatores genéticos humanos relacionados à suscetibilidade ao vírus SARS-CoV-2. O estudo relaciona fatores genéticos, individuais ou populacionais que poderiam definir porque uma pessoa tem COVID-19 grave e pode até morrer por esta doença, enquanto outros apresentam apenas sintomas leves.
“Este projeto relaciona o COVID-19 a mesma lógica aplicada as demais doenças infecciosas recorrentes, graves e atípicas: deve existir um fator genético individual que explique esta suscetibilidade e compreender a via imunológica que está deficiente ou desregulada nesta resposta é fundamental para que possamos melhorar as estratégias para o desenvolvimento de tratamentos”, explica.
O consórcio é liderado pelo Prof. Jean-Laurent Casanova, da Rockefeller University e pela Prof Helen Su, do National Institutes of Health. No Brasil, a Dra. Caroline atua na inclusão de centros participantes da região sul.
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